Sadhana: o Caminho para Nós Mesmos

Sadhana: o Caminho para Nós Mesmos

O ímpeto da busca espiritual está presente em cada ser humano. Ainda que adormecido, ainda que esquecido entre as tantas ocupações e distrações do mundo. O impulso do despertar está lá, no âmago da alma, como uma semente, esperando apenas o momento certo de germinar.

Sadhana é o cultivo consciente pelo qual esse ímpeto primordial pode ganhar força e forma. Pode crescer em nosso íntimo e se expressar em nosso mundo compartilhado, para no momento certo florescer, e dar os frutos mais belos que essa existência pode nos oferecer.

Um Caminho sem Caminho

Sadhana: essa palavra em sânscrito normalmente é traduzida como prática, ou prática espiritual. Estudando esse idioma, tão antigo e tão complexo, podemos ver que um significado ainda mais preciso seria caminho para a realização. Realização de que?

Da nossa essência. Da consciência cósmica, a realidade mais ampla, nossa verdade mais íntima. A sabedoria da Índia chamou de Sat-Chit-Ananda: a existência que é pura consciência em eterna bem-aventurança.

A realidade em si está além dos nomes e conceitos, claro. Só pode ser conhecida diretamente, não através da razão, e sim de uma compreensão vivencial e integral, na experiência íntima de cada um de nós.

Sadhana é a senda para a realização dessa compreensão libertadora. A estrada que trilhamos para nós mesmos, então. A prática que nos ajuda a reconhecer nossa natureza infinita e imutável, e com isso nos liberta das ilusões que aprisionam nossa existência a ciclos viciosos de lutar e sofrer.

É até paradoxal: esse é um caminho sem caminho, já que aquilo que buscamos está sempre aqui e agora. É um caminho para simplesmente realizar aquilo que já está presente – eternamente presente.

Tal realização é apontada com clareza cristalina pelas mais diversas tradições de sabedoria. Está ao alcance de todos nós, e no fim das contas não é nada de extraordinário: como o Zen enfatiza bastante, é o que há de mais simples, de mais natural. É o que somos.

E essa compreensão, quando se enraiza e se faz presente no coração de cada momento, nos inspira a pensar, sentir e agir de modo mais harmônico. A viver de modo mais simples, mais suave, mais sutil, e ao mesmo tempo muito mais eficaz em tudo que fazemos.

A Pedra Angular de uma Comunidade Espiritual

Sadhana é uma das bases da comunidade Flor das Águas. Podemos dizer que é nossa pedra angular, até: aquela sobre a qual se sustenta toda a casa. Porque de fato, a prática diária permeia tudo que fazemos.

O trabalho do dia a dia, as relações e a comunicação, a alimentação, a convivência com a natureza: cada pequeno passo na dança da vida pode ser inspirado pelos benefícios que florescem em nós a partir do cuidado do corpo, do silêncio profundo, dos cantos que evocam o sentimento de sagrado.

Há diversas práticas ao alcance de quem sente o chamado do despertar, e distintas maneiras de incluí-las na vida diária. A história da espiritualidade é antiquíssima, e com o tempo toda uma tecnologia da auto-realização se desenvolveu.

No século XXI, contamos com um vasto repertório, do qual podemos nos valer de acordo com o que nos afinizamos mais, com nosso ritmo, com o ambiente em que vivemos.

Aqui em Flor das Águas, nosso ritual é despertar com o sol, e praticar as séries de ásanas da Kriya Hatha Yoga, uma das vertentes dessa grande ciência espiritual que é a Yoga.

Já na sequência meditamos em silêncio, com o auxílio inicial de pranayamas, práticas respiratórias para facilitar a fluência da energia e preparar corpo e mente para a meditação.

Concluímos com o canto de mantras cuidadosamente escolhidos pela profundidade de seus significados, e músicas que inspirem a abrir o coração e ancorar o Amor – pela vida, por nós mesmos, pelos irmãos e irmãs de caminho.

Ao anoitecer, mais uma vez nos reunimos no Templo Shiva Shakti, para meditarmos e cantarmos juntos. Assim, cada dia se abre e se fecha com a Sadhana: é nossa referência, nossa âncora, que mantém um ritmo compartilhado na comunidade, que nos nutre de energia, e que nos inspira com o poder do silêncio e do som.

Quando Tudo se Torna Sadhana

Esse ritual diário é muito importante, sem dúvida. Mas um ponto a se lembrar aqui é que Sadhana não se resume a práticas específicas, limitadas a um período do dia. Quando nos aprofundamos um pouco no caminho, percebemos que tudo é o caminho, na verdade.

Trabalhando, cozinhando, comendo, limpando a casa, conversando com alguém, caminhando pela natureza: tudo isso pode ser permeado por uma qualidade de atenção amorosa, de abertura para o momento presente.

E isso em si já constitui uma das partes mais importantes da Sadhana. É o que chamamos de Atenção Plena: a meditação constante, inclusive em movimento.

Em tudo que fazemos, podemos estar atentos e abertos ao ensinamento de cada momento. Isso é especialmente válido nos momentos desafiantes, aqueles em que as emoções mais intensas emergem.

É justamente nos desafios que temos as oportunidades mais valiosas de reconhecer – e assim integrar e transcender – aspectos nossos que permanecem ainda um tanto escondidos, na sombra da consciência cotidiana.

Aqui em Flor das Águas nos incentivamos uns aos outros a ancorar essa qualidade de atenção no dia a dia, em especial através do Seva: o serviço desapegado, em prol do bem comum. Todos ajudamos a sustentar a comunidade, mesmo que com tarefas simples, como jardinar e cuidar das hortas, ou limpar e harmonizar o templo e as salas de práticas. Quanto mais simples o trabalho, aliás, mais fácil é senti-lo como um aspecto da prática espiritual.

Qual seu Caminho?

E você, tem uma prática estabelecida? Que caminhos você trilha, para chegar à sua verdadeira casa – ou simplesmente desfazer o véu de Maya e desvelar a morada divina que já está aqui e agora, sempre?

Se você ainda se sente em busca de um caminho, recomendamos começar pelo mais simples, que é também o mais profundo: silenciar. É simples, mas é também uma arte. A arte sutil de observar com a mais plena atenção, de perceber os pensamentos e sentimentos que transitam pela mente, sem se deixar arrastar por eles como uma pipa na tempestade.

Como nuvens passando pelo céu azul, as experiências vêm e vão. Imagens, lembranças, conversas, dramas, dores. Tudo pode ser olhado com clareza, acolhido com amorosidade, e por fim liberado: meditar é se abrir para integrar em nós tudo aquilo que pede por atenção, e essa integração é condição para transcender, para ir além.

A meditação é a poderosa e paradoxal prática de não fazer nada: de simplesmente deixar tudo fluir, deixar a mágica acontecer naturalmente. É a arte de sair da frente, e deixar a vida cuidar de si mesma, com sua perfeita inteligência.

No silêncio atento e amoroso, o que precisa ser curado é curado, o que precisa ser nutrido é nutrido, o que precisa ser compreendido é compreendido. E o que precisa ser liberado é enfim liberado.

Ao meditar nos tornamos mais leves. Mais livres do peso dos nossos aspectos inconscientes, dos dramas desnecessários, os nós energéticos, os assuntos pendentes que carregamos por vidas inteiras, na memória, no corpo, no coração.

Meditar é simplificar, é abrir espaço na casa. É preparar o terreno para uma vida mais plena, mais feliz, em paz.

Já experimentou? Se quer começar – ou se aprofundar na sua prática – continue com a gente: temos muitas novidades vindo aí, para quem sente o chamado de ancorar a meditação como parte de uma Sadhana. Você pode querer experimentar essa meditação guiada, por exemplo.

Alerta de spoiler: em breve lançaremos nosso primeiro e-book, totalmente gratuito, e será justamente sobre esse tema. Deixe seu email aí, para saber em primeira mão dessa e de outras novidades:

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Um abraço da família Flor das Águas. Namastê!

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